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Antes demais, quero realçar a honra que é para mim escrever no mesmo espaço que o David e a Sofia, por quem tenho secretamente uma paixão e com isto sinto-me cada vez mais próximo dela. 

Para começar esta minha Brunosseia por este site que tanto estimo, decidi comentar a minha opinião sobre os três R's. Exactamente, o Remake, o Reboot e o Reclama. É um fenómeno que se agarra à blogosfera cinematográfica como as pastilhas debaixo das secretárias na primária. Sabemos que está lá, sabemos que é desagradável tocar naquilo mas uma vez ou outra lá contribuímos para a colagem. Em todos estes anos que acompanho a internet, não li nenhum comentário face a uma notícia de um remake a dizer "Sim, boa, eu quero que refaçam um dos meus filmes preferidos! E metam o Shia LaBeouf no papel principal!" Mas porque é que isto acontece? Porque é que sentimos tanto desgosto e angustia por pegarem num filme que tanto acarinhamos e chafurdarem o elenco mais detestável?  Estarei eu a fazer as perguntas correctas? Não devo antes apontar o dedo à fábrica em vez do consumidor? Não estou eu a divagar demais com esta introdução e comportar-me como um pretensioso? Eu tinha que chegar ao fundo da questão não só pela curiosidade mas principalmente por eu não ter muito mais que fazer visto que nunca fui muito popular.

Se estiverem interessados em saber mais sobre mim, aluguem a minha biografia 


 Recentemente sentei-me à conversa com o Professor Charles Angus que se formou em cinema nos E.U.A. em 1992 para me ajudar a perceber melhor toda esta matéria:
" Quando crescemos com um filme, só fomos apresentados a essa versão e só essa é que conhecemos e avaliamos. O Star Wars de 1977 é um belíssimo exemplo. Actualmente não é possível avaliar o filme como um [Han] solo, temos sempre a consciência que se trata de uma trilogia, ou duas, se tivermos uma mente muito aberta. Mas quem viu o filme no grande ecrã por essa época não comparava com as sequelas, se era inferior ou superior, o que tinha à frente era o produto único e completo. Agora pensa, Bruno, teria sido o Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma melhor aceite se fosse exibido em 77? É plausível. Mas tendo três filmes tão ligados e perfeitos que nos acompanharam durante anos é mais do que normal exigirmos o impossível ao sabermos que vão remexer na história. Se é para tocarem nela, é bom que nos surpreendam! Com todo este intervalo de tempo perde-se instantaneamente a curiosidade de saber como vai continuar, ou melhor, o que vai ser acrescentado, e assim dá-se lugar ao medo do que pode correr mal e pregar nódoas à nossa camisa predilecta."

 Então o que aprendemos com isto?
1- Eu tenho que dar melhores nomes quando invento personagens à toa.
E é só isso, não há nada para aprender, é só o meu ponto de vista.

 Olhemos agora para a trilogia The Lord of the Rings. Não é a primeira encarnação do clássico de Tolkien, existindo, ao saber de poucos, um filme animado de 1978 e bem fiel. Mas são os filmes dos anos 2000 que encantaram o mundo. Quando pensamos em "O Senhor dos Anéis" é impossível não nos lembrarmos dos filmes de Peter Jackson. Agora pensem: o que acontecerá quando eventualmente adaptarem de novo a história? Sabemos que vai acontecer mas só umas 3 pessoas no mundo é que irão aceitar. E sem dúvida que serão os produtores. Porque não pode haver novas adaptações com diferentes mentes e elencos? Porque tomámos a versão do Peter Jackson como a definitiva. Eu acho que é praticamente impossível não escolhermos uma versão que consideremos a perfeita. Aliás, nem é uma questão de escolha, simplesmente acontece. Mas a meu ver é errado e só nós é que perdemos com isso, curiosamente.

 Em 1986 deu-se a primeira encarnação da personagem Hannibal Lecter no filme de Michael Mann com o título de Manhunter baseado no livro Red Dragon de Thomas Harris. Mesmo sendo um filme do Michael Mann, pouca gente tem conhecimento que antes de Anthonny Hopkins já Brian Cox tinha dado vida a Lecter, ou, aliás, Lecktor. Não é propriamente um filme obscuro mas sem dúvida que foi e é muito ofuscado pela popularidade do Silence of the Lambs, popularidade essa que tornou irresistível fazer o filme Red Dragon dentro da mesma arca histórica. Naturalmente, surgiu então o confronto sobre qual era a melhor versão e, claro, particularmente qual é o melhor Lecter.

Pessoalmente acho mais do que qual deles é o melhor 'Lecter',
o que interessa saber é qual deles fica melhor como tatuagem.



 É certamente divertido fazer todas as comparações possíveis e teremos sempre o nosso favorito mas aqui está um perfeito exemplo de dois filmes muito bons que retratam a mesma história tendo até diálogos exactamente iguais e no entanto com uma abordagem totalmente diferente, mantendo o espírito fiel ao que adaptam. Se há uma versão que preferem é porque são fãs da história e personagens. Ora, não é tão mais interessante ter abordagens diferentes da mesma personagem? Pode ser só a mim, talvez, mas acho estimulante. É como a eterna guerra sobre quem é que fez a melhor versão de um certo palhaço (estou proibido de mencionar o franchise devido ao contracto que assinei), nenhum fez, são completamente distintos e ambos são fiéis! É a vantagem das personagens de carácter tridimensional, há vários ângulos para serem vistos. Pode haver preferências, sim, mas não se trata de competição. 

 A grande revolta em torno dos remakes/reboots é compreensível, claro. Afinal de contas, mesmo sendo as mesmas personagens e a realização ter o mesmo espírito, nem sempre resulta. Não se deve necessariamente ao desprezo pela fonte mas porque como filme é uma bodega radioactiva (o que é do pior tipo). Também há revolta por haver sempre a ideia do interesse ser puramente capitalista. Para quê um reboot do Homem-Aranha passados 5 míseros anos desde o último filme? A resposta é óbvia. Mas há sempre casos em que a intenção é precisamente revitalizar ou homenagear o que é tão bom que merece que soprem o pó. Talvez o melhor caso seja o King Kong do Peter Jackson que é tão honroso ao passado mas sem deixar de trazer algo refrescante e inovador à história tão bem conhecida. Ou o "Professor Chanfrado" com o Eddie Murphy que é uma re-imaginação do filme com o Jerry Lewies. A premissa é, tecnicamente, a mesma mas a execução não podia ser mais diferente. Ainda assim a mensagem no final é, no fundo, a mesma.

Quem sabe o que a próxima adaptação pode trazer de novo?

 O que eu quero dizer com todo este texto é o seguinte:
 Custa a todos saber que vão pegar num filme clássico e perfeitamente executado mas vamos aprender a acalmar e esperar pelo produto final. Não estou a apoiar que passem a vida a reciclar mas como não há maneira de parar esta locomotiva mais vale aproveitar a boleia (admito que podia ter criado uma analogia mais inteligente). Não vou fingir, a chance de dar um péssimo resultado é sempre maior por várias questões (sendo a cegueira pelo dinheiro a principal) mas há também imensos casos em que tudo (ou pelo menos no geral) deu certo e voltámos a surpreender-nos com a mesma história que há muito conhecemos. Familiar e ao mesmo tempo diferente, logo, interessante uma vez mais.

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9 comentários até agora:.

  1. Gostava de deixar aqui um épico e emocionante texto de boas vindas ao Bruno à equipa CINE31, mas tenho que ir jantar, por isso, limito-me a copiar o texto que pus no Facebook: "Como etapa do seu plano de dominação mundial, o blog CINE31 dá as boas vindas ao novo colaborador: Bruno Duarte , o famoso autor de O Cavaleiro de Lisboa! Bruno, bem vindo à equipa!"

  2. E eu já desconfiava desse crush pela Sofia!

  3. Não digam a ninguém... mas nós - eu e o Bruno Duarte já tivemos lado a lado - em pleno Bairro Alto, com álcool na mão (cada um com o seu copo, e com a sua própria mão)...

    A minha paixão pelo Sr. Duarte é conhecida e publicitada sempre que posso, e como sei que existe muito talento ali, só espero desta adição do Cine31 - o melhor do melhor.

    Se isto não correr bem, com a mesma facilidade que foi contratado, é despedido :)

    Por agora queremos mais... muito mais :)

  4. Adoro trabalhar sobre pressão!

  5. Primeiro de tudo, felicitar ao Cine31 esta inesperada expansão "a trois" (ler com sotaque francês).

    Depois ao Bruno Duarte... que é uma contínua "caixinha de surpresas". Tem sempre algo de impecável a acrescentar. Por vezes, basta-lhe apenas acrescentar a sua característica boa disposição e non-sense inteligente, para percebermos que em muitos assuntos era apenas isso que faltava.

    Agora sobre o artigo... realmente é (salvo erro) o terceiro sobre o assunto. Pode-se dizer que agora cada membro já opinou sobre o mesmo assunto, revelando terem todos muita coisa em comum, sendo uma delas o discernimento de saber aceitar como as coisas são e demonstrarem que não há mal nenhum na existência desse conceito dos remakes, reboots e sequelas. Nada tenho contra também, normalmente até acabo por os ver e muitas das vezes é pelos remakes que se descobrem outros filmes (tal como no clarividente texto do Bruno, ao referir o caso do "Silence Of The Lambs").

    Obs: No texto, apenas faltou abordar uma vertente que os remakes da industria americana evidenciam: o acto de refazer como uma importação artística. Sim, neste ponto ainda mais delicado (porque envolve outras questões da cultura cinéfila) bastaria referir o recentissimo caso do "The Girl With The Dragon Tatoo" pelo Fincher...)

  6. Obrigado Armindo!
    Esta temática gera sempre polémica, e apesar do meu texto [http://cine31.blogspot.pt/2011/08/to-remake-or-not-to-remake-that-is.html] ir muito de encontro ao que o Bruno referiu, também "perdi a cabeça" temporariamente com o assunto do reboot das "Tartarugas Ninja" extraterrestres. Mas, já estou mais calmo ;-)

    Já agora, link para o texto da Sofia: http://cine31.blogspot.pt/2011/12/remake-land-os-remakes-futuros.html

  7. O caso das Tartarugas... pois eu sei... esse é o teu "shame on me". Opá, mas compreende-se bem quando se está perante uma abordagem que em vez de querer acrescentar algo de positivo e bom para dar nova vida a algo (neste caso "Tartarugas"), pretende ir por vias que são mais para destruir e esvaziar. Tudo o que o Bay foi dizendo para reabilitar as tartarugas, só o enterrou ainda mais. Se um dia sair o filme, verei ou não. Se não tiver argumentos para me gerar interesse suficiente podes crer que deixo passar ao lado como muita coisa (e melhor) deixo passar por não me interessar.
    Enfim, adiante!

    Eu acho que todos nós perante um remake/reboot de algo que veneravamos, iremos ter sempre uma reacção negativa. No fundo, somos nós mesmo a proteger o que gostamos. E isso é saudável pois também demonstra que não somos apáticos.
    Eu não vejo grande interesse em se refazer uma mesma coisa, principalmente se for recente e com a mesma maneira de fazer. É diferente um filme co décadas receber um novo tratamento ou abordagem. Pode até mudar de registo e acabar por surtir um novo efeito e ter outros fins/objectivos (como foi o "Os 3 Mosqueteiros"). Serve isto quando há atitude artística nas novas abordagens, vontade de querer contar algo conhecido sob outro ponto de vista também, tal como o Bruno Duarte bem referiu, no essencial é oferecer-nos a todos uma oportunidade de voltar "a surpreender-nos com a mesma história que há muito conhecemos". É isto que vale para mim!
    Desde crianças que nos contaram ou descobrimos todas aquelas "histórinhas da carochinha". Em nada me chateia, que na actualidade existam dois filmes sobre a Branca de neve, e com duas abordagens distintas da mesma coisa que sabemos tão bem a pontos de já meter nojo de tão bem a conhecermos. No cinema, as coisas funcionam muito assim: o bem tenta sempre sobreviver ao mal... nunca sabemos é como foi o percurso. Não é à toa que as prequelas da saga "Star Wars" são tão famosas... sabemos o desfecho... mas é o percurso que sempre nos vai interessar! Penso eu...

  8. Tens razão Armindo, devia ter mencionado a importação artística, foi uma falha da minha parte. E também não me lembrei que já havia por aqui textos sobre este tema, a ver se tomo mais atenção a isso no futuro.
    Não é por eu ter escrito isto que deixe de me passar com as notícias dos próximos remakes. Tive há poucos meses uma epifania com o remake do American Psycho. Mas vamos sempre crescendo e embora nos vá custar sempre um pouco quando calha um filme que adoramos, acho que é importante pelo menos esperarmos para ver. Depois sim podemos ofender as mães dos realizadores e produtores, mas até lá, quem sabe o que nos espera.

    Excepto o remake do Suspiria. Esse é o único que jamais irei aceitar. Não posso explicar o motivo na internet mas de todos os filmes é o único que faço birra até ao fim!

  9. Acho que nunca vi esse Suspiria... mas não fui verificar se reconheço alguma imagem.
    Correcção: disse "importação artística" e na verdade era a "importação industrial" que me referia. Ou seja, ao constante acto de Hollywood sobre filmes estrangeiros, refazendo-os na sua própria indústria (com os seus meios e pessoas), normalmente porque os americanos não apreciam nada ver filmes com legendas e em linguagem que não percebem. É a isso que chamo de novo método de "importação". Por isso referi os casos de filmes como o recente do Fincher, o "The Girl With The Dragon Tatoo" (que é um bom filme sim mas inútil quando o original é... não interessa o que eu acho).

    Parabéns pelo teu texto, inteligente e bem disposto, com muita maturidade na visão (mas mantendo-se na primeira pessoa - isso é ter visão de blogger e não de jornalista corporativo), facto que o tornou logo cativante de ler.
    Gostei bastante!
    Força castiço!

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